terça-feira, 11 de junho de 2013

Para Sul até Marrocos

No dia marcado, Sábado de manhã (quase) bem cedinho, lá nos encontramos em Coimbra, local marcado para se juntar a comitiva e arrancar sempre para Sul, rumo que iríamos seguir nos próximos dias.

Com milhares de km pela frente e um sonho para realizar, a disposição só podia ser boa.

E com autocolantes da aventura colados nas motas e equipamentos vestidos, lá partimos! Uma dúzia de dias e uns milhares de km esperavam-nos! Boa disposição e alguma ansiedade eram sentimentos partilhados, mas num grupo de amigos, não há motivos de receio! Qualquer problema é resolvido entre todos!

E fomos andando… Sempre evitando auto-estradas, como mandam as regras de qualquer bom passeio de mota! Bem… Não será bem verdade, porque se para Marrocos só tínhamos mapa, para chegar a Tarifa caímos no erro de confiar no GPS do Conde… IC3, IC8, IP2… Tantas siglas que o desgraçado do aparelho se confundiu e acabamos todos a fazer alguns km de AE até Portalegre, onde íamos fazer a primeira pausa e levar as máquinas à “revisão” no fim-de-semana portas abertas dos concessionários Honda. Fomos muito bem recebidos, mas uma enorme quantidade de PCX que estavam à nossa frente acabou por nos fazer “perder” mais de 3 horas.

Honda em Portalegre
Com direito a snack's, uma valente seca, revisão e um spray de limpeza oferta

Com tudo prontinho lá nos pusemos a caminho do destino previsto para o primeiro dia: Jerez de la Frontera.
Exceto o facto de termos andado a atravessar nuvens compactas de criaturas voadoras (mosquitos, talvez?) os km foram passando sem problemas.

Paragem para esticar as pernas ainda a caminho de Jerez

Chegados e instalados em Jerez, não sem antes termos andado a penar no trânsito infernal da cidade (estava quase tudo fechado ao trânsito devido a procissões), fomos tratar foi de encher os nossos depósitos! Nada que não se resolva na perfeição numa bela esplanada com algumas tapas e sempre uma excelente disposição. E estamos definitivamente longe de Portugal! Por aqui as esplanadas têm wifi, o hotel tem wifi… Em todo o lado se encontram redes desbloqueadas!

Estacionamento VIP em frente à Catedral
Mesmo com a Policia do outro lado da estrada dormiram com a pulseira

E passou o primeiro dia depois de uma grande dose de km necessária para nos aproximarmos do destino pretendido: o ferry e o desejado território Magrebe!
Deitar cedo e cedo erguer… Nada disso!!! Deitar tarde e muito cedo erguer!! Isso é que bom! Enfim, depois de um pequeno-almoço tomado ainda com um olho fechado e o outro meio aberto, lá preparamos tudo e nos pusemos a caminho! O tão antecipado dia estava a começar!

As vantagens de ir de mota? Podemos ir para a frente da fila, mesmo chegando em último!

Destino: Tarifa! É desta! É desta que Marrocos não nos escapa! Chegados ao Porto de Tarifa deu tempo de comprar os bilhetes (ida e volta, com regresso aberto, isto é, sem data), parar as motos na fila, correr até ao Multibanco para levantar euros (levantamentos em Espanha não têm taxas ou comissões, ao contrário do que acontece em Marrocos) para depois trocar por Dirhams. Finalmente embarcar! Primeiros a embarcar, motas bem seguras (será?) e aí vamos nós.

O preenchimento dos papéis não é nada complicado e  faz-se sem grandes problemas.

No barco é altura de ir apresentar o passaporte a um funcionário marroquino que carimba o visto de entrada e o nosso número de identificação. A viagem para lá fez-se sem sobressaltos. O mar estava calmo e foi uma travessia serena.

Uma hora de viagem serve perfeitamente para por o sono em dia

Finalmente Marrocos à vista! Entrada no Porto. Barco parado. Início do desembarque. E… é agora! Marrocos cada vez mais perto! 
Ah! Espera! Ainda falta a fronteira! Bom… Para primeira vez até que não foi muito mau! Bem, pelo menos mantivemos os euros todos no bolso! Mas por outro lado, demoramos mais de 1 hora… Depois de despachados os “auxiliares” que nos rodearam, vestidos com coletes da Douane e nos prometiam tudo e mais alguma coisa por apenas uns euros, eu e o Conde, com o passaporte e o impresso da mota fomos direcionados para um balcão da Polícia. Pois… Balcão errado… Acontece que acabamos na fila para sair de Marrocos. O funcionário não se apercebeu e toma lá carimbo de saída do país… O resto foi uma aventura… Anular carimbos, explicar o que aconteceu, fazer de estúpido e dizer “No entiendo!”. Acabamos com o suposto responsável da fronteira a tratar pessoalmente dos nossos papéis. Com tudo tratado, foi rápido e sem problemas. Nem para nós olharam quando abriram o portão para finalmente entrarmos em território marroquino!

Estavam tal e qual como as deixamos, para nossa alegria

E pronto! Já estávamos em Marrocos!
Primeira coisa a fazer? Trocar dinheiro! É fácil! Logo nos primeiros metros depois da fronteira há algumas casas de câmbio! Toca a trocar dinheirinho e sair da casa de câmbios com um maço de notas! Assim por alto, fizemos as contas no decorrer destes dias com uma relação de 1/10, ou seja 1 Euro – 10 Dirhams. Não é o câmbio exato, mas “serve” para termos uma ideia dos preços.
Estávamos em Tânger! Não era local que nos inspirasse a visitar, assim que, rumamos para sul, sempre pela costa, com ideias de ir dormir a Kenitra.
Bem… assim que saímos do porto levamos logo um choque! A primeira coisa que nos aparece é uma rotunda! Pior que isso: uma rotunda marroquina! Não estávamos preparados para aquilo! Os artistas são Kamikazes!!! Regras? - Nada disso! Respeito? - Desconheço a palavra! Um desatino absoluto. E o pior de tudo? Íamos fazer parte disto tudo nos próximos dias!

A tentar encontrar a N1 para sairmos de Tanger

Os primeiros contactos com os mercados de beira de estrada

Mas bem, toca a seguir caminho!
Tal com todos tínhamos lido em imensas crónicas, a polícia está por todo o lado! Rotundas à saídas das povoações são os locais preferidos! Mas não só! Conseguem ser criativos! Quase parece uma cena de uma qualquer filme do Gendarme de St Tropez, com a farda muito aprumada e enfeitada com medalhas e afins, radar em punho e escondido atrás de um arbusto… Incrível! Mas a verdade é que acabamos por cumprir sempre os limites impostos.



Em Asilah, já "apoiados" por um guia lá fomos andando pelo centro...

... até chegarmos a um restaurante dum "amigo do primo do vizinho da mãe da namorada" que tem a melhor tagine de Asilah.

Os gatos são uma presença frequente por aqui

Depois, o país… Bem, deste primeiro dia posso dizer que não fossem opiniões de amigos que já tinham estado por Marrocos e que diziam maravilhas do país e eu tinha regressado ao ferry nesse mesmo dia e acabava as férias pela costa espanhola até Andorra para uma sessão de compras… E este era um sentimento partilhado. Mas tínhamos de acreditar nas dezenas, centenas de viajantes, todos com a mesma opinião: vale a pena! E fomos andando, um pouco desiludidos…

O centro de Kenitra by night

O dia foi passando até que chegamos a Kenitra, onde tínhamos “programado” ficar a dormir. Pela primeira vez para todos, era hora de fazer algo inédito: chegar ao final do dia a uma cidade desconhecida e partir em busca de alojamento!...


As vistas de um dos quartos

Apesar de sabermos que se consegue dormir em Marrocos por valores até mesmo inferiores aos 100 Dirhams (aproximadamente 10 euros), a verdade é que logo em Kenitra demos com um Hotel dessa gama de preços… Nem tivemos coragem para entrar… Gostava de conseguir ficar em sítios assim, mas a verdade é que há uns mínimos no que respeita a higiene que eu não dispenso. E pelos vistos, o resto do grupo também não… Ninguém se deixou impressionar pelas “excelentes condições” do hotel low cost, mesmo por cima do assador de frangos… 

Sempre boa disposição! Afinal, estávamos de férias!

E assim, acabamos por ir espreitar ao melhor hotel da cidade. O parque automóvel à porta prometia condições de luxo e um preço a condizer. Tudo preparado para receber um casamento, na mais luxuosa sala de festas da cidade… Perguntamos o preço. Contas feitas andava perto dos 60 euros… Dada a hora e o nosso desalento com o país e as condições gerais que tínhamos visto neste primeiro dia, aceitamos. Mas bem, Marrocos é mesmo um país de surpresas e o hotel não foi exceção… Os corredores nos andares eram… indescritíveis! Quantas pessoas já teriam morrido naquela alcatifa?! Os quartos? Bem, digamos apenas que estavam a condizer com o estado geral dos corredores. Mas pelo menos estavam limpos, tanto quanto a pouca luz e as lâmpadas fundidas deixavam ver. Adiante! Toca a tomar banho e descer para jantar!



Piscina para "lavagem a seco"...
O nosso primeiro jantar marroquino foi engraçado! Cheios de calor, enfiados num canto apertado duma sala e na televisão a Sport Tv!! Ah ah ah… Espetadas, batatinha frita e salada! Bem bom e por valores que na europa acharíamos que tinha sido engano!...
Agora sim! Banho tomado, barriga cheia! Toca a fazer de turista e passear por todo o lado de máquina em punho! O que dizer de Kenitra?... Pessoalmente não gostei… Achei a cidade suja, confusa e absolutamente desorganizada. O ambiente não me pareceu nada amistoso. Não foi exatamente a melhor forma de acabar o primeiro dia em Marrocos, que até então só nos tinha deixado com vontade de dar a volta e regressar a “casa”.

Mas pode ser que dia a dia a coisa melhore! Vamos andando e vamos vendo.

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