terça-feira, 11 de junho de 2013

Mazagão

Novo dia! Mais km e algumas boas surpresas que começaram a fazer mudar a ideia do país.
Definimos como objetivo do dia tentar chegar a El Jadida, antiga Mazagão nos tempos da nossa presença no território hoje marroquino. Sabíamos que por lá havia uma cidadela portuguesa, muralhada e património da UNESCO. Tivemos de ir até lá espreitar!


Medina de Rabat

Medina de Rabat

Pelo caminho decidimos parar em Rabat, não muito longe de Kenitra, e ir dar uma espreitadela na Medina. Pelo que pude ler antes da partida, Rabat não é dos locais mais turísticos. Não sei se por não valer a pena, se por estar perto de Casablanca que é a “referência turística”. Seja como for, isso acabou por ser uma vantagem pois visitamos a Medina sempre com a sensação de sermos os únicos turistas por perto. Comparando com todas as cidades visitadas ao longo da viagem, esta, e principalmente a Medina, foi aquela que nos pareceu mais genuína. Genuína no sentido de existir para os locais e não para ”turista ver”. Talvez o facto de ter sido a nossa primeira também tenha contribuído para esta sensação de espanto e agrado. Seja como for, foi uma paragem importante para nos começar a fazer ver Marrocos dum outro ponto de vista. Afinal, até podia ser que viéssemos a gostar!...


Uma imagem que com o passar dos dias deixou de surpreender

Isto é que é capacidade de carga!

O cuidado na apresentação é impressionante

Ah! E muito importante, também foi em Rabat o nosso primeiro contacto próximo com a enorme classe trabalhadora de arrumadores, com os seus coletes refletores e a mão sempre estendida, não exatamente a pedir, mas antes a exigir… Ficamos sem saber se funciona como cá em cada um dá o que quer e se quiser, ou se é algo obrigatório. Em Rabat pareceu-nos ser obrigatório… Seja como for, viemos embora sem deixar nenhum dirham.


Os 4 mototugas completamente rendidos ao pão marroquino

Em qualquer recanto, do mais improvável, surge algo que nos surpreende, como este teto.

A atenção na segurança é aqui uma constante

Seguimos viagem, rumo a Casablanca. Os km em Marrocos estavam a render muito mais que o previsto. Não andávamos sempre a parar, nem muito menos andávamos muito abaixo dos limites de velocidade, mas o trânsito infernal e os constantes Stop policiais não nos deixavam entrar num bom ritmo. Quando paramos para almoço depressa percebemos que para chegar a El Jadida ainda de dia não ia ser fácil, apesar de serem apenas “uma meia dúzia” de km… De forma unânime, talvez pelo ainda existente desagrado com o país e com as estradas e cidades grandes, talvez pelo cansaço, acabamos por decidir deixar Casablanca para outra altura. Se é como dizem, esta é apenas a primeira de diversas viagens a Marrocos. Haverá outras oportunidades.


O trânsito obrigava a umas paragens nada agradáveis ao sol...

Mais um preso no trânsito...

A Pan a abrir caminho até deixarmos o trânsito para trás. Estrada livre é o que gostamos.
Atravessamos Casablanca numa suposta auto-estrada. Digo suposta porque pessoas na berma a descansar, famílias inteiras com o cão e a ovelha a pedir boleia, táxis a parar para recolher ou deixar passageiros… Tudo isto, para mim, não faz sentido numa auto-estrada! Mas por aqui é assim que funciona. Ainda que proibido, é prática comum e todos convivem com isso de uma forma pacífica.

Problema mecânico? Bloqueia-se a portagem e trata-se do assunto. os restantes que esperem...

Overloaded? Será?

Com Casablanca para trás e o trânsito a aliviar um bom bocado, lá apontamos o rumo para El Jadida, onde chegamos a meio da tarde. Como aliás começou a ser normal em toda a viagem. Chegar a meio da tarde dá muito tempo para andar na estrada e ainda dá margem para escolher onde dormir, tomar um bom banho e ir passear pela cidade.
Chegados a El Jadida, a escolha de alojamento não foi complicada, pois logo à entrada da cidade, pela marginal, aparece o Ibis Budget. Com uma boa relação preço-qualidade, nem hesitamos. Além do mais este deve ser o único Ibis na primeira linha de praia e com umas vistas dos quartos fantásticas! As coisas estavam a melhorar!


Localização de luxo e muito boas instalações

Depois de instalados rumamos para a Cidadela Portuguesa. Mesmo de noite, fiquei impressionado com o estado de conservação dos edifícios no seu interior. Não me pareciam ter tido muita manutenção e no entanto estavam muito bem preservados.
E como não podia deixar de ser, fomos apanhados por um vendedor verdadeiramente marroquino! O indivíduo tinha a lengalenga bem estudada! E ao perceber que éramos de Portugal então aí ficou maravilhado! Acho que mesmo tendo sempre o interesse comercial, o homem quis conversar e quis mostrar o que sabe da Cidadela e da história do local. Estava genuinamente encantado com um grupo de portugueses que por ali apareceu e lhe deu “tempo de antena”. Foi um momento muito agradável e acabamos por fazer algumas comprinhas, bem negociadas pelo Rui que entretanto estava a aperfeiçoar o seu Modo Marroquino.

Aprendemos tudo que o tempo permitiu acerca da manufactura dos lenços. Foi excelente! 
Horas de jantar e passear pela cidade. A marginal foi uma surpresa agradável e estranha ao mesmo tempo. Se por um lado havia alguns bares já na areia, modernos e com muito bom aspeto, por outro lado havia um enorme edifício de arquitetura “moderna” dos anos 30 (?) numa localização excelente e completamente ao abandono…

Um momento artístico...

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