Novo dia! Mais km e algumas boas surpresas que começaram a
fazer mudar a ideia do país.
Definimos como objetivo do dia tentar chegar a El Jadida,
antiga Mazagão nos tempos da nossa presença no território hoje marroquino.
Sabíamos que por lá havia uma cidadela portuguesa, muralhada e património da
UNESCO. Tivemos de ir até lá espreitar!
|
Medina de Rabat |
|
Medina de Rabat |
Pelo caminho decidimos parar em Rabat, não muito longe de
Kenitra, e ir dar uma espreitadela na Medina. Pelo que pude ler antes da
partida, Rabat não é dos locais mais turísticos. Não sei se por não valer a
pena, se por estar perto de Casablanca que é a “referência turística”. Seja
como for, isso acabou por ser uma vantagem pois visitamos a Medina sempre com a
sensação de sermos os únicos turistas por perto. Comparando com todas as
cidades visitadas ao longo da viagem, esta, e principalmente a Medina, foi
aquela que nos pareceu mais genuína. Genuína no sentido de existir para os
locais e não para ”turista ver”. Talvez o facto de ter sido a nossa primeira
também tenha contribuído para esta sensação de espanto e agrado. Seja como for,
foi uma paragem importante para nos começar a fazer ver Marrocos dum outro
ponto de vista. Afinal, até podia ser que viéssemos a gostar!...
|
Uma imagem que com o passar dos dias deixou de surpreender |
|
Isto é que é capacidade de carga! |
|
O cuidado na apresentação é impressionante |
Ah! E muito importante, também foi em Rabat o nosso primeiro
contacto próximo com a enorme classe trabalhadora de arrumadores, com os seus
coletes refletores e a mão sempre estendida, não exatamente a pedir, mas antes
a exigir… Ficamos sem saber se funciona como cá em cada um dá o que quer e se
quiser, ou se é algo obrigatório. Em Rabat pareceu-nos ser obrigatório… Seja
como for, viemos embora sem deixar nenhum dirham.
|
Os 4 mototugas completamente rendidos ao pão marroquino |
|
Em qualquer recanto, do mais improvável, surge algo que nos surpreende, como este teto. |
|
A atenção na segurança é aqui uma constante |
Seguimos viagem, rumo a Casablanca. Os km em Marrocos
estavam a render muito mais que o previsto. Não andávamos sempre a parar, nem
muito menos andávamos muito abaixo dos limites de velocidade, mas o trânsito
infernal e os constantes Stop policiais não nos deixavam entrar num bom ritmo.
Quando paramos para almoço depressa percebemos que para chegar a El Jadida
ainda de dia não ia ser fácil, apesar de serem apenas “uma meia dúzia” de km…
De forma unânime, talvez pelo ainda existente desagrado com o país e com as
estradas e cidades grandes, talvez pelo cansaço, acabamos por decidir deixar
Casablanca para outra altura. Se é como dizem, esta é apenas a primeira de
diversas viagens a Marrocos. Haverá outras oportunidades.
|
O trânsito obrigava a umas paragens nada agradáveis ao sol... |
|
Mais um preso no trânsito... |
|
A Pan a abrir caminho até deixarmos o trânsito para trás. Estrada livre é o que gostamos. |
Atravessamos Casablanca numa suposta auto-estrada. Digo
suposta porque pessoas na berma a descansar, famílias inteiras com o cão e a
ovelha a pedir boleia, táxis a parar para recolher ou deixar passageiros… Tudo
isto, para mim, não faz sentido numa auto-estrada! Mas por aqui é assim que
funciona. Ainda que proibido, é prática comum e todos convivem com isso de uma
forma pacífica.
|
Problema mecânico? Bloqueia-se a portagem e trata-se do assunto. os restantes que esperem... |
|
Overloaded? Será? |
Com Casablanca para trás e o trânsito a aliviar um bom
bocado, lá apontamos o rumo para El Jadida, onde chegamos a meio da tarde. Como
aliás começou a ser normal em toda a viagem. Chegar a meio da tarde dá muito
tempo para andar na estrada e ainda dá margem para escolher onde dormir, tomar
um bom banho e ir passear pela cidade.
Chegados a El Jadida, a escolha de alojamento não foi
complicada, pois logo à entrada da cidade, pela marginal, aparece o Ibis
Budget. Com uma boa relação preço-qualidade, nem hesitamos. Além do mais este
deve ser o único Ibis na primeira linha de praia e com umas vistas dos quartos
fantásticas! As coisas estavam a melhorar!
|
Localização de luxo e muito boas instalações |
Depois de instalados rumamos para a Cidadela Portuguesa.
Mesmo de noite, fiquei impressionado com o estado de conservação dos edifícios
no seu interior. Não me pareciam ter tido muita manutenção e no entanto estavam
muito bem preservados.
E como não podia deixar de ser, fomos apanhados por um vendedor
verdadeiramente marroquino! O indivíduo tinha a lengalenga bem estudada! E ao
perceber que éramos de Portugal então aí ficou maravilhado! Acho que mesmo
tendo sempre o interesse comercial, o homem quis conversar e quis mostrar o que
sabe da Cidadela e da história do local. Estava genuinamente encantado com um
grupo de portugueses que por ali apareceu e lhe deu “tempo de antena”. Foi um
momento muito agradável e acabamos por fazer algumas comprinhas, bem negociadas
pelo Rui que entretanto estava a aperfeiçoar o seu Modo Marroquino.
|
Aprendemos tudo que o tempo permitiu acerca da manufactura dos lenços. Foi excelente! |
Horas de jantar e passear pela cidade. A marginal foi uma
surpresa agradável e estranha ao mesmo tempo. Se por um lado havia alguns bares
já na areia, modernos e com muito bom aspeto, por outro lado havia um enorme
edifício de arquitetura “moderna” dos anos 30 (?) numa localização excelente e
completamente ao abandono…
|
Um momento artístico... |
Sem comentários:
Enviar um comentário