terça-feira, 11 de junho de 2013

A Sul do Atlas...

No dia seguinte, já com luz para melhor vermos a cidade, deu para perceber que este é um Marrocos diferente do que tínhamos visto. As construções em adobe e o pó avermelhado que entra por todo o lado e faz parte integrante da vida dos locais. Nota também muito positiva para a limpeza, organização e acima de tudo para o trânsito calmo em Ouarzazate. E o calor… Estava mesmo muito quente…


Novamente a estrada, agora a sul do Atlas...

... cada vez mais desértica e com a areia a querer invadir os limites do alcatrão...
Que duo!
Estúdios Atlas à saída de Ouarzazate. Por aqui foram filmados, entre muitos outros, o Lawrence da Arábia, o Gladiador, a Múmia e a Pesca do Salmão no Yemen, com o Ewan McGregor.
E, para não variarmos muito, novo dia novo destino! Hoje era dia de apontar rumo para Este, para as Gorges du Dadès e do Todra. E contávamos ficar a pernoitar num desses locais, onde no apetecesse. Mas antes, era altura de retroceder um pouco, passar pelos estúdios Atlas onde diversas produções de Hollywood foram feitas e seguir caminho até mais um ponto de interesse marcado pela UNESCO: Ait Ben Haddou. Um Ksar, ou cidade fortificada, em muito bom estado de preservação e também ela palco de algumas filmagens famosas. Valeu bem a pena os 70 km a mais. Depois de uma intensa hidratação (era de manhã cedo e as temperaturas já não andavam longe dos 30 graus) toca a apontar então para o objetivo do dia.

As três máquina em Ait Bem Haddou

O fotógrafo fotografado...

Uma panorâmica

Valeu o desvio! Valeu cada km.
Os 4 valentes!
As estradas por esta zona já permitem um andamento bem mais constante e algo mais rápido. Não se vê nem um décimo da polícia e com retas de 20 km não é fácil ir a 80km/h… Toda a paisagem mudou! Até os animais que pastam livremente mudaram! Se até chegarmos ao Atlas o que se via em todos os campos eram uns burritos, agora vemos camelos! Camelos livres? A pastar? Incrível visão para nós!

As primeiras palmeiras! Sim! Definitivamente, estamos no sul de Marrocos! Estamos extremamente animados com isso! Era este Marrocos que estava nas nossas fantasias com este país.

A caminho das Gorges du Dadès


Toca a parar para tirar umas fotos ao pessoal em andamento, pois nunca conseguem esse tipo de fotos e não é que no meio do nada apareceu logo um fedelho a esticar a mão: “Dirham! Dirham!”… Ficam as fotos para alguma outra zona mais deserta, se tal for possível! Este local já está muito preenchido! E toca a arrancar!
 
Um fantástico almoço em Skoura.
A caminho do Dadès
 
A paisagem, mesmo que impressionante, não deixava antever o que nos esperava.

As aldeias aqui quase não se distinguem da montanha.
Depois de um almoço num café de beira de estrada, onde comemos uma maravilhosa omelete berbere, sentados à sombrinha numa bela esplanada (e mais uma vez com wifi!), partimos em direção ao Dadès. Um ponto muito referido em todas as crónicas que já tinha lido e uma suposta referência marroquina. Pessoalmente, não achei nada de especial. As curvinhas até ao miradouro são engraçadas, mas depois dos passos dos Alpes ficam um pouco aquém das expectativas. E as vistas não são extraordinárias… Em locais como o Dadès e outros desfiladeiros do mesmo tipo, prefiro sempre uma estrada que vai cá em baixo pela beira do rio e não em cima, de onde vemos apenas rocha e mais rocha e apenas adivinhamos um curso de água no fundo de tudo. O que me leva ao próximo destino: as Gorges du Todra! Aqui a estrada vai paralela ao rio e olhando para cima vemos dezenas, centenas até, de metros de parede rochosa. Mas, com o avançar da hora e o sol a pôr-se de repente, está na hora de procurar abrigo para a noite e deixar o Todra para amanhã.
 
A subida nas Gorges du Dadès

Paredes de dezenas ou centenas de metros absolutamente na vertical

Mais um gancho! Estaremos nos Alpes?!

Cheio de calor, cheio de pó, mas contente de ali estar!

E no meio do nada um "portão" a delimitar as várias regiões do país.
 
E foi assim, um pouco por acaso e até mesmo por cansaço, que demos com esta casa tão pitoresca, já a caminho das Gorges. 100 Dirhams por pessoa para dormir num quarto limpo, com wc e com uma decoração muito bem conseguida? Temos negócio! E ainda temos wifi e parque fechado para as motos como bónus! Então entra o nosso marroquino de serviço e toca a negociar preços para jantar, dormida e pequeno-almoço. No fim, com tudo acertado, lá vamos repetir a rotina do descarregar, banho e jantar!

O quarto.

E as vistas.

Até os gatos?? Com outras duas motas ao lado e nenhuma foi "assaltada"... Bem, pelo menos o gato tinha bom gosto! Escusava era de ter aberto a "torneira", mas enfim... 

Por esta altura já estava expert na arte do chá!
(bem melhor do que com a cidra nos Picos!!)
 
Incrível como um local que noutras circunstâncias não nos chamaria a atenção, acabou por ser um local dos mais interessantes onde ficamos. Não pelas condições excelentes mas antes  pelo serviço genuíno. Claramente, não estamos a falar de nenhuma instalação hoteleira de uma qualquer rede internacional. Estamos antes a falar do que parecia ter sido uma habitação familiar convertida, com uma (muito) pequena equipa a tentar tornar aquilo num negócio rentável. São habitantes locais que por lá trabalham (e não vi mais que 3) e por lá devem também viver. E o mais curioso é que, com a provável falta de formação em hotelaria, o serviço é extraordinariamente atencioso e cuidado. Foi uma experiência muito agradável e um contato mas próximo com a cultura marroquina. Uma sorte ter decidido, sem outro motivo que não o cansaço, parar por aqui.

A patine ia crescendo...
 

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