A verdade é que por esta altura, e assim que a palavra
regresso foi referida, ficou em todos nós uma certa vontade de regressar. Já
andamos por Marrocos há uns bons dias! A Europa e a nossa casinha já vinham a
calhar. No entanto, o regresso não quer dizer fazer km sempre a andar, sem
aproveitar nada. Não! Ainda estamos em Marrocos e vamos fazer os possíveis para
aproveitar ao máximo os dias que ainda temos por cá!
A paisagem já está a mudar outra vez. O Atlas está a começar a mostrar-se. |
O famoso Túnel do Legionário. Ok... É... um túnel. |
Assim, decidimos fazer um esforço e ir diretos a Fès. São perto
de 500Km, o que em Marrocos pode significar o dia inteiro em cima da moto, mas
estávamos animados e sempre com a liberdade de pararmos onde nos apetecesse e
ficar a dormir. De qualquer das formas, lá fomos andando até Fès. Foram uns km
com direito a tudo! Desde calor logo pela manhã em Merzouga até temperaturas de
1 grau no Atlas, chuva e granizo com fartura e um ventinho que não apenas era
gélido como também era forte como tudo e nevoeiro! Muito nevoeiro! Cheguei a ver
a mota do Rui a curvar à direita e inclinada para a esquerda! E imagino que a
minha fosse a fazer as mesmas figuras acrobáticas.
A última foto em muitos km. O tempo quente e agradável ficou bem lá para trás... |
Pelo caminho passamos por alguns locais que foram, mais ou
menos, chamando a atenção. A passagem do Atlas para Norte não teve o mesmo
impacto que teve a anterior para Sul, a estrada estava em muito melhores, quase
perfeitas, condições e o trânsito, bem, o trânsito era marroquino! Palavras
para quê?!... A passagem pelo supostamente imperdível Túnel do Legionário foi
apenas isso: um túnel… Os km feitos num planalto a mais de 1000 metros com um
vento ridiculamente forte. As povoações eram iguais a tantas outras por que já
tínhamos passado. Exceção feita a Ifrane que parece uma cidade completamente
deslocada do meio… Parece que alguém “tele-transportou” uma povoação alpina e a
deixou em pleno Marrocos. Engraçado, mas nada característico do país. Apenas
mais uma excentricidade de fazer algo diferente? Seguimos.
Não posso deixar de recomendar! |
Se por fora era mais uma casa, por dentro... Fantástico! |
No final da tarde, já com uma temperatura bem mais amena e
já sem chuva, chegamos a Fès. Toca a andar às voltinhas a ver se encontramos
onde ficar. Numa rotunda, uma motoreta aproxima-se e “oferece-se” para nos
indicar um alojamento bom e barato! E toca a seguir a motoreta! Acabamos num
riad de luxo, com umas condições extraordinárias e um nível de cuidado e
limpeza a que já nos tínhamos desabituado. Para nem falar no edifício em si,
que se por fora parecia apenas mais uma casa um pouco degrada numa rua
qualquer, por dentro estava surpreendente, com pormenores de construção de
deixar qualquer um a olhar para o teto, literalmente!
Mas como ainda havia luz, era hora de ir até à Medina e
fazer umas comprinhas de souvenirs, que tínhamos todos deixado para fazer no
final da viagem. Único problema? Era um pouco longe. Solução: petit taxi!...
Que aventura! Imaginam um táxi numa grande cidade portuguesa, a conduzir de
forma agressiva e muito, muito rápida? Agora imaginem esse taxista cego, surdo,
sem carta de condução, sem uma perna e ainda com incontroláveis tremores!
Conseguem imaginar? Pois… por lá é ainda pior!!! Os taxistas têm os membros
todos e de certeza que também têm carta. Não me parecem cegos e falam e ouvem
muito bem, mas a condução… Como é possível que não andem sempre a bater?...
Bom, foram os 10 minutos mais longos da minha vida! Apenas comparáveis com os
outros 10 minutos no regresso ao Riad, onde além de ultrapassagens com uma
parede de pedra pela frente tivemos passagens em sentido contrário e um atalho
por uma bomba de gasolina. Para quem gosta de desportos radicais, que esqueça
saltos de paraquedas ou afins! O que está a dar é andar de petit taxi em
Marrocos!
O Pai deste jovem é o expert de Fès em especiarias. Tem um artigo no guia Lonely Planet e tudo! |
A Medina de Fès, que dizem ser a maior e melhor conservada
de Marrocos desiludiu um pouco. Não vimos nada de especial e o ambiente não
era, nem de longe, parecido com o de Marraquexe, só para dar um exemplo. Por
outro lado, também chegamos lá muito no final da tarde… Não deu tempo para
explorar tanto como gostaríamos e talvez nos tenha escapado a melhor parte.
Sem comentários:
Enviar um comentário